Mountain Quest 2019
185 quilómetros de vales e de montanhas. 6000m D+ de sacrifício e superação. Quando acreditas, tudo se torna mais fácil! Mesmo numa das ultramaratonas mais duras da Europa. Essa foi a receita certa para os 4 finishers da Bikemania Famalicão que se atreveram uma vez mais a participar no MQ.
O percurso do Mountain Quest podia ser dividido em dois, três, quatro ou cinco dias, e ia continuar a ser um mítico desafio em diversas partes do traçado. Contudo, trata-se de uma prova de impar dificuldade em Portugal e são cada vez mais os que se desafiam a percorrer os 180 quilómetros que separam Amarante das Serras circundantes.
Do quarteto da Bikemania Famalicão estreava-se pela primeira vez um elemento, o que constituí uma dificuldade adicional. “Será que vou conseguir chegar ao fim?”, perguntava-se!
Por minutos falhamos o briefing onde os detalhes da prova são apresentados. E, desta vez, trocamos a dormida no pavilhão por um alojamento local a poucos quilómetros do epicentro que nos fez chegar em cima do tiro de partida!
O arranque iluminado pelos frontais dos participantes não antecipa a gigantesca dureza da prova, a julgar pela velocidade média com que percorremos o centro de Amarante em direção à Serra da Aboboreira. À primeira oportunidade desligamos as luzes não vá serem necessárias dentro de 15 horas… E subimos cruzando as primeiras aldeias recatadas desta serra entre Marco de Canaveses e Baião. Desta vez não há nevoeiro, pensei enquanto percorro o estradão em terra batida junto da Capela da Nossa Senhora da Guia na freguesia de Ovil em Baião.
Sem tempo para grandes visitas voltamos a subir e a entrada no Marão faz-se numa luta inclinada numa zona eólica antes do descermos a Mafómedes e efetuarmos a primeira pausa prolongada do dia. Na Tasca do Valado falavam os participantes que temos uma monumental subida pela frente. Esta é a minha parte preferida do percurso: uma ascenção de 6 quilómetros com 480 D+. A subida é fisicamente exigente, mas a descida depois do topo das eólicas é operosa e obriga a alguma cautela nos regos cravados pelo inverno.
A chegada à Ferraria, uma pequena aldeia do concelho do Peso da Régua, é sempre marcada por uma paragem prolongada para comer e encher os bidões. Daqui até à Senhora da Serra, o ponto mais elevado da prova, está o maior desafio de todo o percurso: 10km e 1000m D+. Nesta fase enquanto alguns participantes já levam a bicicleta pela mão, outros equilibram-se em cima a pedalar a uma baixíssima cadência. Como habitualmente estávamos no 2.º domingo de julho e como tal, era dia de romaria, uma das mais antigas da região, e as barracas estão já em funcionamento para delícia dos atletas.
Se este ano o percurso não passa pelo “rock garden” a surpresa é ainda maior! A subida de Gavião levou-nos a desmontar e a percorrer aquele segmento com a bicicleta à mão! E o Parque Eólico de Pena Suar a toda a velocidade, recuperando assim algum tempo perdido…
Enquanto não chegamos ao checkpoint do Alvão, subimos e descemos como um carrossel na chegada ao parque natural. Sem grandes demoras paramos na Cabana do Alvão para recarregar energias e seguimos um trajeto que conhecemos bem de outras andanças (trail) até ao Monte Farinha.
“A partir daqui é sempre a descer até Amarante” afirmava-o a toda a velocidade descendo da Senhora da Graça, enquanto me esqueci-a que mais à frente voltaria a subir durante uns minutos. Enquanto não avistamos a cidade de São Gonçalo foi sempre a pedalar em lusco-fusco por aquele estradão até à meta!
Chegamos carago. Somos finishers e vivemos mais uma aventura épica.